Escritos da Maturidade: artigos sobre
ciência, educação, relações sociais,
racismo, ciências sociais e religião.
Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges -
Rio de Janeiro : Editora Nova Fronteira,
1994.
"Ciência e Religião" (1939-1941) - Págs. 25
a 34. Einstein, Albert, 1870-1955 Título
original: "Out of my later years."
Reunião de reflexões e opiniões de Einstein, nos últimos vinte anos de sua vida. Em estilo conciso e objetivo, o cientista aborda questões profundas relativas a ciência, religião, paz mundial, riscos de destruição da humanidade e direitos das minorias perseguidas. Uma oportunidade singular de conhecer o lado humanista do grande cientista.
Einstein foi além dos limites da razão e penetrou no plano da genialidade. Isto a comunidade científica reconhece e aceita com naturalidade.
O que falta a humanidade aceitar com naturalidade é que Einstein foi além dos limites da genialidade e penetrou no plano Absoluto da existência.
Quando este entendimento for aceito com naturalidade, tanto pela comunidade científica como pelo senso comum, abrir-se-ão para o homem horizontes de amplitude inimaginável e o bem que isto proporcionará é tão grandioso que se torna impossível descrevê-lo por palavras, só podendo mensurá-lo aquele que o vivenciar.
Alenta-nos a certeza de que esta é uma conquista a empreender por todos os humanos e que cada um de nós tem em si mesmo potencial para esta realização.
A evidência irrefutável de que Einstein vivenciou a plenitude de si mesmo e, por isso, teve acesso ao Plano Absoluto, pode ser encontrada em textos de sua autoria, transcritos do livro “Albert Einstein – Escritos da Maturidade, Ed. Nova Fronteira, que a seguir reproduzimos e comentamos:
1. Pg. 25: “...o método científico não nos pode ensinar outra coisa além do modo como os fatos se relacionam e são condicionados uns pelos outros”.
Aqui a Ciência perde a soberba de negar existência ao que ela não pode comprovar, ficando restrita ao mundo fenomênico, ou seja, ao plano material, deixando aos Cientistas apenas o recurso da faculdade racional e, por conseguinte, a necessidade de um elemento que sirva de referencial para obter o conhecimento, classificá-lo, defini-lo e explicá-lo.
2. Pg. 26: “O conhecimento da verdade como tal é maravilhoso, mas é tão pouco capaz de servir de guia que não consegue provar sequer a justificação e o valor da aspiração a esse mesmo conhecimento da verdade. Aqui defrontamos, portanto, com os limites da concepção puramente racional de nossa existência”.
Como que corroborando o entendimento esboçado no item 1, Einstein explicitamente reconhece que a razão humana é limitada, não tendo legitimidade para sustentar a inexistência do que ela não puder explicar e, mais significativo ainda é o entendimento implícito de que o conhecimento pode ser obtido por via não racional, logo Einstein reconhece a existência do meio pararracional, seja para obter o conhecimento que se situa no plano da genialidade ou no Plano Absoluto da existência humana.
3. Pg. 26: “...se alguém pergunta de onde provém a autoridade desses fins fundamentais, já que eles não podem ser formulados e justificados puramente pela razão, só há uma resposta: eles existem nas sociedades saudáveis na forma de tradições vigorosas, que agem sobre a conduta, as aspirações e os juízos dos indivíduos....”
Nós sustentamos que a autoridade desses fins fundamentais provém da sua origem que, transcendendo a matéria e, portanto, situando-se num plano que a razão não pode alcançar, se originam da mesma Substância Simples que também dá origem ao todo material, inclusive a Razão; motivo pelo qual esta não os pode conceber nem explicar, até porque a Criatura não tem como entender nem explicar o Criador.
4. Pg. 30: “...a ciência sem religião é aleijada, a religião sem ciência é cega”.
Partindo de um cientista da genialidade de Einstein, esta afirmação que busca demonstrar que a Ciência é um dos caminhos que conduzem a Deus, assume uma significação da maior respeitabilidade e demonstra que o Cientista que se diz ateu nega a sua mais legítima condição de Cientista, assim como o religioso que nega a religiosidade do Cientista, se distancia da sua própria condição de religioso.
5. Pg. 30: “Durante o período juvenil da evolução espiritual da humanidade, a fantasia humana criou à sua própria imagem deuses que, por seus atos de vontade, supostamente determinariam ou, pelo menos, influenciariam o mundo fenomênico. O homem procurava alterar a disposição desses deuses a seu próprio favor por meio da magia e da prece. A idéia de Deus nas religiões ensinadas atualmente, é uma sublimação dessa antiga concepção dos deuses. Seu caráter antropomórfico se revela, por exemplo, no fato de os homens recorrerem ao Ser Divino em preces a suplicarem a realização de seus desejos.”.
Este entendimento deixa claro a profunda religiosidade de Einstein, a ponto de ser inegável que Deus foi uma presença viva e muito atuante na vida dele, da mesma forma que deixa evidente que Einstein se recusava a aceitar a idéia de um Deus criado pelo homem à sua imagem e semelhança; projetando um radiante facho de luz no caminho da evolução de todos nós e a certeza de que, seguindo por ele, encontraremos o verdadeiro Deus.
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